Em abril, na rubrica em que destacamos pessoas da freguesia que se distinguem de alguma forma, não marcamos uma pessoa mas uma história que nos chegou espontaneamente pelos seus intervenientes. Uma história que nos inspirou e que contém uma mensagem especial.
Numa pequena entrevista quisemos saber como tudo tinha começado e Marta, diz em tom de brincadeira que a família é ela própria uma espécie de "Projeto Piloto da União de Freguesias de Queluz-Belas", porque é de Queluz e o Nuno (marido) é de Belas "e este projeto já conta com quase 22 anos de execução e dois descendentes da União Queluz-Belas."
A Árvore da Família, por sua vez, apareceu um bocadinho inesperadamente nas suas vidas, quando no dia 16 de fevereiro o Nuno chegou da 25ª Corrida da Árvore com um pinheiro na mão.
Porque decidiram plantar a árvore naquele local? Como o escolheram e que sentido especial o espaço tem para vocês?
Foi certo para nós, que teria de ser plantada em Belas, para podermos acompanhar o seu crescimento e como moramos num apartamento, teria de ser num local público. Confesso que o que nos preocupou foi o espaço, pois um pinheiro (se vingar), vai precisar de muito espaço e nesse caso teríamos de ter isso em conta na hora de plantar. Começamos então um passeio de carro por Belas em busca do local perfeito e foi entre a Rua da Saudade e a Rua Manuel José Herigoyen, o local escolhido, pois tinha espaço para poder crescer e a relva estava aparada e cuidada, o que levava a crer que poderia correr bem.
Quando plantaram o pequeno pinheiro? Lembra-se do momento? Pode contar-nos como foi?
Foi muito engraçado, a minha filha Mariana estava muito nervosa, porque achava que estávamos a cometer um crime e olhava em redor, para ver se havia alguém a olhar. Todos participamos, o Nuno cavou o buraco com uma pequena pá de pedreiro, a Carolina colocou o pinheiro na terra e segurou-o enquanto eu o tapava e a Mariana regou. Ficou perfeito, mas não foi fácil.
Disse que alteraram os percursos para acompanhar o crescimento da árvore, como tem sido essa observação?
Depois de o plantarmos, não tínhamos a certeza de que ele vingasse e por isso sempre que chegávamos do trabalho desviávamos um bocadinho o percurso, para ver se ele lá estava. Também não tínhamos a certeza que os colaboradores da Junta de Freguesia que cuidam dos espaços verdes o quisessem ali.
Tal não foi o espanto, quando um dia o fomos ver e ele estava fortalecido com uma estaca, agora sim, sabemos que aquele é o seu lugar e que está a ser tratado pelos colaboradores da Junta de Freguesia, como todas as outras árvores.
Ainda que seja uma simples árvore num espaço público, esta tem um significado diferente para nós, é a Árvore da Nossa Família, mas poderá ser a árvore de todas as famílias que a quiserem.
Num momento em que a sustentabilidade, ecologia e o respeito pela natureza são temas tão importantes, esse ato voluntário, acaba por ser inspirador, sobretudo pelo cuidado que revelam ter no acompanhamento ao crescimento da árvore que ainda é pequena.
Agora que vivemos uma época que todos temos que cuidar de todos estando, no entanto, isolados, gostaríamos de lhe pedir que nos deixasse uma mensagem acerca da importância desse símbolo para vocês, do cuidado que tiveram com ela e que agora é prestado por outros.
Esta árvore simboliza a união familiar, foi um marco para nós e o seu crescimento representa também o nosso crescimento, enquanto família. Ainda que estejamos sujeitos às adversidades da vida (tal como ela), sabemos onde pertencemos, sabemos o nosso lugar e sabemos que temos um chão.
Hoje, vivemos momentos difíceis e o que mais custa é o distanciamento familiar, mas no fim, porque vai ter fim, quando tudo isto acabar, sabemos que ela vai lá estar tal como os nossos familiares, sedentos de um ABRAÇO.
Obrigada.
Marta Simão e Nuno Simão
